Lotado, hospital da periferia de São Paulo retrata o improviso na luta contra a covid-19: “Ore pelo meu pai”
No Tide Setúbal, um dos quatro da zona leste da capital paulista com alta taxa de ocupação de leitos, profissionais cobram material de proteção. Estado contabiliza 211 mortes na quinta, metade das 407 registradas no país
“A nossa rotina, como técnico de enfermagem ou enfermeiro, é assustadora. Está muito difícil de trabalhar. Todos os dias temos casos de morte.” O relato é de uma técnica de enfermagem do Hospital Municipal Tide Setúbal, uma das unidades de São Paulo na linha de frente do combate à covid-19. O hospital fica na zona leste, na periferia da cidade, a região que concentra atualmente as mortes na maior cidade da América Latina. Reportagem de Felipe Betim traz os relatos de profissionais que convivem com a falta de equipamento de proteção para trabalhar e com a incorporação de funcionários ainda não completamente treinados para dar conta da demanda em alta, no momento em que o Estado de São Paulo prevê que as mortes podem até triplicar até o começo de maio. Apenas nesta quinta-feira 211 novos falecimentos por covid-19 entraram nos registros oficiais paulistas —metade do total confirmado no país, que foi 407, um recorde desde o início da crise sanitária, que já matou ao menos 3.313 pessoas. As autoridades dizem que o recorde de confirmações está ligado às análises represadas no feriado enquanto o novo ministro da Saúde, Nelson Teich, disse que “não sabe” se este é um pico de mortes ou não, apesar do contexto de defasagem nos testes.
Enquanto o Brasil assiste a números cada vez mais sombrios da pandemia, Brasília volta as atenções para outra crise autoinfligida no Governo Bolsonaro. O protagonista da vez foi Sergio Moro, que ameaçou nesta quinta-feira pedir demissão do cargo de ministro da Justiça e Segurança Pública depois que Jair Bolsonaro avisou a ele que pretendia demitir diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo. A exoneração foi publicada nesta sexta-feira no Diário Oficial da União, e agora a situação do ministro é uma incógnita. Moro e Valeixo trabalharam juntos no início da Lava Jato, a operação anticorrupção que alçou ambos aos atuais cargos. Como explica Afonso Benites, o objetivo do presidente é ter mais influência no órgão. Essa foi a quinta vez que o presidente deu sinais públicos para enfraquecer Moro, um ministro mais popular do que ele próprio.
Também nesta edição, falamos sobre o amor em tempos de coronavírus. A reportagem de Sara Navas descreve como intensificamos e idealizamos as nossas lembranças durante a quarentena e que isso faz com que amores do passado ressurjam em nossas vidas sem motivo aparente. Já na Índia confinada, florescem os encontros virtuais, que esquivam a desaprovação das famílias e dos grupos fundamentalistas religiosos. A rede de namoro por excelência no país asiático, a OK Cupid, confirmou um aumento de 26% nas conversas em sua plataforma e de 12% na formação de casais depois do início do confinamento de seu 1,3 bilhão de habitantes em março.
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